O Cerro de S. Miguel também conhecido por “Monte do Figo”, eleva-se a 411m acima do nível do mar e tem localização na freguesia de Moncarapacho, concelho de Olhão. O cume do Cerro é um excelente spot para observar e admirar uma boa parte da costa algarvia.
Há anos que são atribuídos grandes poderes místicos ao Cerro de S. Miguel, tendo sido um grande marco de referência à navegação, estando referenciado em vários mapas, textos e documentos históricos pertencentes a diversos povos Europeus (Árabes, Gregos, Fenícios, Cartagineses, Romanos, Vikings, etc.).
Muitos estudiosos de mitologia, consideraram e consideram este Cerro como uma terra sagrada, onde diversas divindades marítimas se reuniam. O Prof. Schulten, assim como o Prof. Mendes Correia e António Arribas, terão identificado no poema “Ora Marítima” de Rúfio Festo Avieno o Cerro de S. Miguel sob o nome de Cabo Zéfiro.
“222 Diz-se que desde aqui [do Promontório Sagrado/Cabo de São Vicente] até ao rio Ana [Guadiana] há um percurso de um só dia;
223 aqui está também a fronteira do povo dos Cinetas.
223 O território tartésico é contíguo a estes, e o rio Tartesso [Baetis/Guadalquivir] banha a região[iii].
225 Mais adiante apresenta-se um cabo consagrado ao Zéfiro; por isso o monte mais alto do maciço se chama Zéfiris.
227 Os seus picos elevam-se acima dos cumes. Uma enorme massa sobe pelo céu acima e uma névoa que a envolve quase sempre oculta a sua crista que chega até às nuvens.
231 Todo o território a partir daí é uma terra muito rica em erva;
232 o céu é sempre nebulosos para quem aí vive, o ar denso, a atmosfera menos transparente e o orvalho abundante de noite.
234 Nem o vento consegue penetrar, como seria habitual nem sopro algum do vento consegue clarear o cimo do céu; uma bruma obscura abate-se sobre as terras e o solo permanece húmido numa grande extensão.
238 Se alguém cruza, de barco, o maciço de Zéfiris e se dirige para o Mediterrâneo, é empurrado sem parar pelas rajadas do vento Favónio “
Segundo reza a Lenda, o nome de S. Miguel atribuído ao Cerro, terá tido origem numa aparição do Arcanjo Miguel no seu pico.
Apesar de não haver registos que comprovem esta aparição, na costa norte foi erigida uma pequena igreja “Ermida de S. Miguel” com características góticas, como sendo um Templo de homenagem a S. Miguel. Não se sabe a data da construção, mas terá tido uma reconstrução em 1608, segundo um documento encontrado, o que comprova a pré-existência deste monumento religioso.
A “Ermida de S. Miguel” possibilita uma vista magnifica sobre S. Brás do Alportel, enquanto se desfruta de um agradável piquenique em mesas de pedra.
Para quem quiser visitar, parece que este pequeno templo abre aos terceiros domingos de cada mês, pelas 17h, para celebrar a missa. Também na noite de Natal, é por hábito, celebrada a Missa do Galo.
Para quem quiser visitar este local místico e mágico, deve verificar os horários de funcionamento através do contacto telefónico +351 289 700 103 ou pelo email “museu@cm-olhão.pt”.
Namasté!
Ariana Reys
Fonte:
https://olhares.sapo.pt/ria-formosa-do-cerro-de-sao-miguel-foto9218239.html